domingo, dezembro 12

Só uma coisa só

Pense bem, e espera que o sol tá pra nascer. Quando chegar o dia a gente decide o que faz, quando brotar a luz a gente descobre que é feliz.

Era só uma briga, sem motivo nem fim, só mais uma discussão como todas as outras. Começa torpe por natureza, essencialmente vazia e desnecessária. Um vaso quebrado, um almoço mal feito, uma semana não falada, tudo é motivo é pra a guerra nascer, tudo são pontos distribuídos disformes, disléxicos. Brigas da gente.

A menina sempre dizia não gostar dessa parte, o cara sempre pensava não gostar de parte nenhuma. As flores de alguma forma machucavam, e nem era intenção de ninguém.

Dessa vez, com malas feitas via o mundo acabar aos pés da própria história. Não era protagonista dele mesmo, de repente a novela perdera a graça. As pautas são cartas marcadas, todos esperam o fim. Talvez, e só talvez, tenha chego.

Aos soluços juntava os cacos, o jarro d’água num canto da sala mostrava em pequenas imagens os dois tão diferentes, e ela nem lembrava quando foram um só, nem lembrava.

As histórias necessitam de um clímax, um ponto de tensão ao qual e sobre o qual se desenrola todo o enredo. Geralmente melhores momentos para isso são os de mudança, algo que em um segundo muda, e que é mudança recente de uma mudança gradual.

- Você fala que a gente não é o mesmo, você fala que a gente não tem jeito, você fala tanta coisa. Parece que nunca reparou que somos uma coisa só.

-A gente nunca quis ser uma coisa só.

-Acabou.

-Acaba quando a gente quiser.

-Ou quando a gente perceber.

-E se eu não quiser perceber?

Promessas: são proposições com um mínimo de perspectiva real de acontecimento. Esperança, aquela que acha que é possível.

-Te amo.

E ficam assim, juntos esperando ficar dia.