segunda-feira, julho 8

A do ódio

O tempo todo fomos nós, e o tempo todo nós foi só você.
 
E eu, que nem sei muito bem o que é a vida, agora vou ter que fazer a minha sem mais sua voz aqui, sem mais nada aqui. E olha, nem sei na verdade se algum dia você me ouviu.
 
Mas já não importa, já não vale a pena pensar no que você é ou pensa. E esse banho quase gelado é pra tirar teu gosto de mim (do pouco que sobrou de mim), e as águas são a lágrima do meu corpo inteiro. Ainda manchado pelo seu pecado me dissipo inteiro pelo ralo, quebro as mãos no espelho só pra não ter que me ver, pois quando me vejo ainda sou você.
 
Enraivece não o seu jeito melado e falso de quem dizia te amo quase como xingando, nem quando xingava achando que era te amo. Porra, isso não é amor!
Escurece meus dias não os dias de sol, não os abraços dados, escurece saber que agora somos só passado, e que pra você é nada, enquanto pra mim é estrago.
 
Não sou nada, era nada que você queria. Eu era vida, e você só um dia, uma noite, uma tarde ou madrugada. Eu era sempre, você um encontro, desses que a gente tem em qualquer lugar, mas só um encontro. E encontros não são eternos. Nem nós.
 
Quero tanto, mas tanto, que sofro de tanto não querer querer.
 
Mas é, só é.
 
 
 
 
-Fecha água, junta os cacos, segue a vida.